As pessoas de 20 anos pareciam ser assim

Não me enganei tanto assim...

Houve um tempo em que me perguntavam quantos anos eu tinha e, com uma mão, eu mostrava quanto já havia vivido. Cabia tudo em uma mão mesmo. Quando já não era mais assim e faziam a mesma pergunta, a resposta era: “tenho 12 pra 13 já”. Querendo parecer mais velha, tentando ser levada mais à sério.

Quando assistia àqueles filmes em que os personagens eram mais velhos ou então, quando observava aqueles jovens aparentemente independentes, donos de si… a vontade de crescer crescia mais que meu desenvolvimento físico e mental. De tanto ouvir “a vinte anos atrás…” comecei a pensar que essa expressão era algum tipo de hipérbole, querendo exagerar nos anos. Tudo para parecer mais experiente e vivido. Demoraria para esse tempo chegar até mim. 

As meninas de 20 anos pareciam mais elegantes, bonitas, exalando tudo de melhor e perfumando onde passassem. Não era diferente o que era pensado dos meninos. Pareciam sempre mais bonitos do que os da minha sala de aula (pestes). Aparentemente eles tinham tudo sob controle e viviam na sua plenitude. Eu queria ser como eles.

Também ouvi o outro lado da história. “Nossa, lembro-me dos meus vinte anos…Vivi o que tinha que ser vivido, mas poderia ter evitado algumas coisas…” A gente ouve isso por aí dos mais experientes. Mas o engraçado é que, refletindo aqui, nunca ouvi alguém dizendo que gostaria de voltar aos seus 10 anos de idade para fazer ‘sabe-se lá o que’. Ou, sei lá, voltar aos 5 anos de idade e viver novamente os processos de quedas de dentes de leite…

Acredito que o que marca profundamente são as conquistas e todo aquele sofrimentos que vem antecedendo o precedente sucesso (ou o não). Mas o fato de viver a segunda década dessa única vida que temos vem marcando muitas das vidas que passaram por esse mundo. Claro, sem desmerecer qualquer idade, porque cada uma delas tem a sua lembrança. Mas, por que a nostalgia/anseio dos 20?

“Ah sim, é mais uma idade para a vida de alguém. E o ano seguinte também será. E daí?” É, a vida é contada por essa sequência. Você pode pensar assim também. Entretanto, independente da idade que se tenha nesse momento, será somente nesse momento, num período de 365 dias para você viver e relembrar posteriormente. No ano seguinte, você vai comemorar mais uma vez por estar vivo e novamente, fará com que cada dia valha mais a pena aprendendo com os erros cometidos anteriormente. E claro, enfrentando outras nuances que a vida acaba trazendo, sofrendo, e encontrando um meio de seguir em frente. Ano após anos.

Vai chegar um momento em que você vai estar comemorando (eu espero) o seu segundo aniversário de 20 anos. Isso mesmo, segundo. 20 anos após seus 20 anos, quatro décadas de existência. Quem sabe como é essa sensação, compartilhe com quem, como eu, só tenha duas décadas de tentativas.

O que tem os 20?

Agora, com 20… olho para a menina de 13 que fui e tento projetar a mulher de 40 que um dia serei. Tenho um sentimento. Talvez o motivo pelo qual essa idade é tão contemplada. Carrego comigo o anseio de viver o momento presente com todas as minhas forças e as que adquirirei.

Ter 20 é não divagar aos meus 13 buscando viver novamente e muito menos acelerar para minha futura experiência aos 40. Talvez os jovens que eu observava e imaginava ser a plenitude encarnada eram quase isso mesmo. Pode ser que eles estivessem, assim como eu agora, apreensivos quanto ao futuro, a futura profissão, as pressões sociais quanto ao sucesso, e não pensassem na plenitude em que vivam. Mas prefiro não pensar somente nessa realidade nada utópica. Prefiro manter a visão enquanto 13 e ter o melhor dessa plenitude almejada.

Ao 20 você se sente mais bonito, elegante, confiante em si mesmo independente dos outros, quer dar o melhor de si, abraçar o mundo e ajudar no que puder.

Provar ao mundo que você cresceu já não é o foco.

Quando perguntarem sua idade, olhe para todos os dedos de suas mãos e depois olhe para todos de seus pés. Serão 20.

“É, será a última vez que poderei mostrar em meus dedos.”

Seja bem-vindo à fase das “contas feitas de cabeça”.

Sua segunda década.

E única.

 

 

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