Ex-porte não é esporte

A diferença é que...

É aquela coisa de sempre. “O que é esporte? Para que serve? Esporte vai além…blá blá blá”. E continuamos na mesma, chamando o Brasil de “País do Futebol” mesmo com as derrotas ultimamente acumuladas. Fazer o que, né?

É a modalidade que alcança a todos. É simples. Encontra um limão estragado no chão, delimita o espaço do “campo” e a partidinha já pode começar. O limão nem precisa quicar. Tá tudo certo.

Longe de querer generalizar, mas generalizando com os dizeres “País do Futebol”, é bom ressaltar que esse mesmo país é também representação vitoriosa em outras formas em que o esporte se apresenta. Sim, “foi bonito foi” ver nossa Seleção de futebol ganhando consecutivamente em anos anteriores.

Grandes holofotes para essa lembrança! Entretanto, paremos de perpetuar isso somente.  Quem vive de ex-porte é museu. (Qualquer dúvida, dirija-se ao Pacaembu, obrigada!). O fato é que, com tantas luzes voltadas para um só lugar, não conseguimos enxergar o teatro inteiro, a quantidade de cadeiras, expectadores e etc. Só vemos o que está no palco, ou melhor, o que colocam no palco. Então vamos para o meio-termo. Estamos em uma realidade escolar em que os alunos são ensinados uma modalidade esportiva por bimestre: vôlei, futebol, basquete e handebol. Fim da história.

Etimologicamente falando, a palavra “esporte” – sport em inglês – vem do termo desport, do francês antigo, que significa passatempo, recreação, prazer. O verbo desporter significa “distrair-se, divertir-se, jogar”, o sentido de desviar a cabeça de assuntos mais sérios. Mas eis a questão. Será que o próprio termo acaba por delimitar seu sentido atual mais amplo? Será somente “atual”?

Quando lembramos da política do “Pão e Circo”, o esporte não parece mais tão lindo e espetaculoso quando pensado anteriormente, não é? Pois bem, nesse exemplo, é possível observarmos algumas formas em que o esporte pode ser utilizado em diversas finalidades que não englobam somente o entreter-se. Mas a pergunta ainda fica: como ainda existem pessoas que insistem em dizer que ele é somente e total diversão? Nada por trás, nada além disso.

Claro que tudo isso não é algo que vai ficar nítido de uma hora para outra e muito menos um estalo que haverá assim que esse pensamento textual finalizar. É um processo cultural arraigado em nossa “formação” como brasileiro. Pensar no significado etimológico literal da palavra é um viés a se pensar. “Posso continuar falando do amor imenso pelo time do coração?” Posso! “Expressar-me com todas emoções e gritos na arquibancada?” Claro!

Mas assim como ficamos atentos, assistindo cada lance, cada passe e não consideramos a possibilidade de fechar os olhos da arquibancada, seja assim também, olhos atentos ao que permeia o esporte. Além da sua etimologia. Além da quadra, além do campo.

Vamos lembrar de ser torcida quando o mundo não está vendo também..

Além da arquibancada.

 

 

 

Comentários

Leia também

As pessoas de 20 anos pareciam ser assim

Não me enganei tanto assim...